9 de março de 2010

Sobre comentário no Paragrafilme

Acabei de descobrir que tinha uma opçõa meio draconiana selecionada nos settings do blog como default pra comentários. Só pra avisar, a quem por acaso já tenha tentado comentar antes, que agora eles estão liberados.

8 de março de 2010

O Amor Segundo B. Schianberg, de Beto Brant (Brasil, 2009)

O que diferencia o filme de Brant de toda essa recente onda de filmes sobre processos de realização que incorporam algo dos reality shows e/ou das várias novidades digitais é justamente o fato de que para ele o processo de captação das imagens nunca se torna uma questão dentro do filme. Brant podia ter explicitado seu processo de fechamento de dois atores numa casa cheia de câmeras de vigilância, sua relação como diretor com o processo, etc e tal, e teria um filme plenamente "contemporâneo". Mas é um cineasta não só mais inteligente que isso como, acima de tudo, um que acredita muito no poder da ficção pra cair nessa armadilha. Como resultado, ele aposta todas as fichas no fato de que, mais do que o processo do filme em si, seus dois atores conseguirão construir uma relação entre eles e entre cada um deles e seu personagem que resultará interessante o suficiente na tela. O resultado dessa aposta, em que o filme joga todas as suas fichas, pra cada espectador, é o que determinará o sucesso ou não do filme. Da minha parte, eu acredito plenamente na força do que resulta na tela, onde a estética das câmeras usadas interessa muito menos como processo e mais como resultado, que possibilita a captura de determinadas imagens improváveis, de inúmeros instantes pregnantes. O jogo que se estabelece no filme sobre representação não é interessante porque teoria, mas sim porque prática, pela forma como toda a relação entre os dois personagens só se dá a partir dessa questão. A ideia de performance atravessa o filme de maneira muito firme, com humor e sem se levar mais a sério do que precisa. Se há detalhes desnecessários (como as legendas na tela ou alguns usos da música), nada disso é mais presente que os vários momentos marcantes, seja pelo jogo dos atores (e da atriz com a câmera em alguns belos planos), seja pelo resultado surpreendente da sua técnica precária, que leva a algumas imagens à beira do pontilhismo nos pixels. B Schianberg é mais um filme em que a inquietude de Brant surpreende e atinge resultados firmes.
(visto, pela segunda vez, na sala 1 do Arteplex Rio, projetado em digital - formato oficial e único de exibição do filme )