28 de junho de 2011

Noites Sem Dormir (J´ai pas sommeil), de Claire Denis (França, 1994)


Assisti Noites Sem Dormir em 3 situações muito distintas: primeiro na época, sem nenhuma referência de Claire Denis e antes até de entrar numa faculdade de cinema (e com menos de 20 anos de idade); depois, na Sessão Cineclube da Contracampo, já com alguma noção de quem ela era e devidamente (de)formado em cinema (mas ainda com menos de 30 anos); e revejo agora, em meio à mostra completa dela, já tendo não só visto a maioria dos filmes posteriores, como finalmente os dois anteriores (ainda com menos de 40 anos). Certamente, vi 3 filmes muito diferentes, entre o primeiro que em grande parte me escapou completamente mas deixou algumas imagens na memória; o segundo que me chocou (positivamente) e me apresentou muitas coisas que eu ia rever e repensar; e este terceiro, que surge muito mais domesticado - pelo meu conhecimento da própria carreira dela, pelo contexto particular do seu cinema. Por isso tudo, talvez este terceiro tenha sido o Noites Sem Dormir que eu mais entendi e "apreciei", mas também o que menos me impressionou. Digo, estava tudo lá, da "coerência com as questões" que tanto traz prazer aos autoristas (não tô me excluindo do lote não, longe disso), até os "reconhecimentos audiovisuais" (de atores a modos de expressão pela linguagem às irrupções de música), mas confesso que faltou justamente o sentido de choque e estranheza que alguns de seus outros filmes me trazem ainda hoje (com algumas exceções, como os planos de abertura, nada domesticáveis - dos policiais rindo no helicóptero). O sentimento de "displacement" que povoa esse filme de imigrantes e pessoas que moram em hoteis é forte, e existe uma ponte entre ele e o Summer of Sam do Spike Lee que realmente cria uma linha a ser explorada de aproximação entre os dois muito interessantes. Acho que o Juliano (Gomes) tem razão: é inegavelmente um belo filme se pensado em relação ao mundo de cinema que existe por aí, mas no contexto de imersão na Claire Denis mesmo, acaba não batendo tão firme.
(da série "boa leitura": http://www.contracampo.com.br/sessaocineclube/noitessemdormir.htm)
(visto - pela terceira vez - no Cine Maison, em 35mm, dentro da mostra Claire Denis: Um Olhar em Movimento)

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