5 de julho de 2011

X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class), de Matthew Vaughn (EUA, 2011)


X-Men: Primeira Classe é escravo de alguns senhores distintos, e Matthew Vaughn sabe disso bem. Por um lado, existe a expectativa de um enorme público (pra não dizer de seus produtores) pra que ele faça mais um "blockbuster de ação" (ou seja, eventualmente algo vai ter que explodir bem alto, e muitos efeitos de computador terão que ser usados); por outro, ele sabe que está mexendo com uma mitologia caríssima a uma legião de fãs sem as quais não poderá ter chance de sucesso. Por um lado, Vaughn precisa achar espaço pra seu senso inegável de "fun" (e se a sequência inevitável do "treinamento dos jovens X-Men" é o que mais demonstra isso, há um traço em vários outros pontos do filme, como na maquiagem quase barata do Fera ou na escalação em pequeníssimos papeis de gente como Michael Ironside e Ray Wise); por outro, não é fácil ser "fun" num filme de herois cuja primeira sequência se passa num campo de concentração, e possui um personagem tão perturbado(r) quanto Erik/Magneto. Que o filme resista (quase) inteiro a tamanha esquizofrenia não deixa de ser um elogio e tanto a Vaughn, que consegue dosar seus tons sem chegar a perder o espectador nunca (a não ser em pontos isolados), principalmente por entender que é no relacionamento entre Charles e Magneto que repousa a sorte de seu filme (e não no romance tentado de Fera com Mystique, que nunca chega a decolar). Nisso, ele conta com dois ótimos atores em McAvoy e Fassbender, que conseguem ser trágicos sem tirar o filme do seu centro, e dão toda crença em personagens que um dia serão, afinal, Patrick Stewart e Ian McKellen. E Vaughn ainda conta com duas cerejas no bolo: Kevin Bacon, em ótima sacada doidivanas pro vilão; e o background da Guerra Fria, nunca levado a sério demais ao ponto de atrapalhar a briga entre mutantes.
(visto no São Luiz 1, em 35mm)

Nenhum comentário: