1 de janeiro de 2010

Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski (Brasil, 2009)

O filme pintou em mais de uma lista de melhores do ano por aí, geralmente sob as platitudes de sempre do tipo "uma aula de história essencial", como se o cinema fosse pra ser substituto pedagógico de alguma coisa. Claro está porém que o mais interessante a se falar e diferenciar no filme é mesmo um tratamento bastante inusual do material sonoro e visual, ainda mais em se tratando de "tema sério"- mas sobre isso acho melhor indicar o texto do Rodrigo, que vai fundo nos pontos principais. Para além do que ele disse, porém, eu queria adicionar (ou reforçar) duas coisas que acho bem fortes no filme. Primeiro, a inteligência com que percebe que dar a voz aos dois lados não é tanto questão de justiça e sim de ser a melhor maneira de desnudar um pensamento tão estúpido que precisa ser lido de um papel (como é o caso do Brilhante Ultra, esta besta). Neste processo, o filme cria um ou dois efeitos puramente cinematográficos (pois de montagem e superposição de idéias via som/imagem ou cortes) que são das mais fortes acusações anti-ditadura que se viu nas telas (e muito mais eficazes que aquele batido clipe de imagens de resistência com musiquinha ufanista, francamente dispensável). Segundo, vale destacar que o filme é uma iniciativa absolutamente pessoal, como se vê pela ausência de qualquer logomarca no começo. Isso não é um elogio automático de nada, mas acho que é algo que precisa sim ser destacado como aspecto importante do filme. Que o Chaim Litewski (que não conheço nem nunca tinha ouvido falar) tenha levado um filme como este adiante do começo ao fim por sua conta (com o apoio firme dos Asbeg, Pedro e José Carlos) é uma coisa bem impressionante e significativa. Eu até acho que o filme tem muito de "importante aula de história" e servirá bem pra fins acadêmicos em DVDs por aí, mas vê-lo no cinema é bom por muita coisa que não seja isso.
(visto no Unibanco Arteplex Rio, sala 3, em projeção Rain)

Um comentário:

Anônimo disse...

taí um filme que quando foi lançado não chamou em nada minha atenção,a temática,nada,mas de tanto ler críticas boas fiquei bem curiosa!