27 de novembro de 2010

Lobotoomia (Lobotomy), de Yuri Khashchavatski (Estônia/Bielorússia, 2010)

Tomando como foco principal a recente guerra imposta pela Rússia à Geórgia, Lobotomia passeia em território bastante próximo do registro michaelmooriano - e embora seu diretor não assuma uma presença física na tela, sua voz em off surge constante e hiperpresente, quase sempre escorada por um fundo musical irônico baseado numa tarantella. Como Moore, ele também luta alguns bons combates importantes (especialmente no hipercontrolado tema da mídia e da manipulação de imagens do governo russo), e também como Moore nos apresenta alguns dados e imagens de arquivo bem impressionantes. No entanto, a força destas qualidades fica um tanto subjugada por uma montagem caótica que parece disposta a ir a qualquer lugar em qualquer momento, esvaziando um pouco seu raciocínio (ou ao menos tornando-o certamente menos acompanhável), assim como eventualmente seu humor se torna por demais cínico para que partilhemos dele de fato - embora ao fazer isso acabe revelando um inegável traço de personalidade da região (a capacidade de rir de desgraças bastante graves, e de fazê-lo com enorme fatalismo).
(visto em projeção digital no cinema Solaris 6, em Tallinn, Estônia)

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