27 de novembro de 2010

Püha Tõnu Kiusamine (The Temptation of St. Tony), de Veiko Öunpuu (Estônia/Suécia/Finlândia, 2009)

Veiko Öunpuu não é um nome conhecido ainda no Brasil, nem mesmo nos festivais, mas já está no seu terceiro longa com alguma visibilidade no circuito internacional, sendo que este aqui foi exibido, por exemplo, em Roterdã e Sundance. Logo nos primeiros planos ele nos deixa entrever um pouco seu universo pessoal como cineasta, que ao mesmo tempo que nos remete a uma série de características comuns a um Béla Tarr ou Miklos Jancsó, mistura uma certa grande ambição artística com um humor absurdo, rasgado e dolorido, bem típico dos bálticos. Seu filme é bastante episódico (não por acaso, aliás, é dividido em 5 capítulos), mas o que realmente chama a atenção é uma tendência ao corte e à elipse em momentos bastante inesperados e súbitos na cena. A intenção (atingida) parece ser a de manter o espectador constantemente desorientado e incomodado, incapaz de se instalar com mais tranquilidade no mundo proposto. O filme transita entre a sátira alegórica com alguns dos suspeitos usuais como receptores (a sociedade burguesa, mas também os resquícios autoritários e burocratas do passado soviético), e um mergulho lisérgico num quase universo paralelo onde surge inclusive um inesperado Denis Lavant em cena. Há uma tendência um pouco sufocante de auto-importância artística que faz lembrar aqui e ali o pior de um Carlos Reygadas, mas há também uma inegável força de instalação e de aposta no risco (inclusive de perder de vez o espectador).
(visto no cinema Coca-Cola Plaza 2, em Tallinn, Estônia)

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