28 de fevereiro de 2010

American Astronaut (EUA, 2001) e Stingray Sam (EUA, 2009), de Cory McAbee

O que mais impressiona nos filmes de McAbee é a disposição de ir até o fim com a cosntrução de universos absolutamente fechados em si mesmo, com uma lógica totalmente própria que aponta pra uma série de caminhos sem precisar explicá-los. São filmes que, até por sua mistura de gêneros (western, musical, ficção científica B), nos fazem pensar o tempo todo na história do cinema americano mais comercial, mas que ao mesmo tempo recusam todo tipo de facilidade nessa relação. Há sim semelhanças possíveis de se encontrar com o cinema de Guy Maddin, mas o humor tipicamente norte-americano de McAbee tornam seus filmes ao mesmo tempo mais leves e muito mais rascantes que qualquer coisa que eu já vi de Maddin. Stingray Sam tem ainda o adendo de ser um filme pensado em episódios, para passar tanto no YouTube ou celulares como numa tela de cinema, que dá a ele uma outra camada de aparência de filme barato, de seriado à moda antiga. Mas o que toca mesmo nos filmes é que, piadas e universos autocentrados à parte, McAbee acredita muito nos seus personagens e investe muito na verdade deles, o que consegue não raro emocionar (caso do bizarro Professor Hess de American Astronaut). McAbee não corre nenhum risco de revolucionar o cinema, mas nos apresenta algo de novo no cenário americano atual pela sua total independência seguir por caminhos bem menos esperados que o batido hipernaturalismo.
(visto no cinema 1 do CCBB-RJ, projetados em vídeo, dentro da mostra Zona Livre)

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