24 de fevereiro de 2010

Good Dick, de Marianna Palka (EUA, 2008)

O começo de Good Dick é bem assustador pra todo mundo que está cansado (e quem não está, aliás?) de um certo cinema independente americano fofinho, que vive do elogio pelo elogio de uma certa quirkness pentelha e arrogante no seu mundinho de tiradas espertas e desprezo pelo resto do mundo. No entanto, logo fica claro que, na relação entre seu casal protagonista, Marianna Palka está disposta a ir bem mais fundo na estranheza, sem nunca perder o horizonte do humor de vista, construindo uma relação que nos desafia o tempo todo a simpatizar ou antipatizar com cada um dos personagens. Há no filme um prazer tocante pela informação sugerida mas nunca explicitada que é bem peculiar na maneira como se coloca em cena (com direito a uma citação clara ao cochicho final de Lost in Translation). Para além disso, Good Dick é um filme que se constroi visualmente de forma muito inteligente, e que ainda nos dá o prazer de rever na tela, mesmo que numa breve cena, o grande Charles Durning, figura marcante pra quem construiu seu cabedal inicial de imagens de cinema a partir do cinema americano do fim dos anos 70 e começo dos anos 80 (e que andava sumido de um papel decente desde E Aí Meu Irmão Cadê Você).
(visto na sala 1 do CCBB-RJ, projetado em vídeo, dentro da mostra Zona Livre)

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